Este conteúdo foi originalmente escrito por Patrick Riley e publicado pela GAN em 4 de fevereiro de 2020 como forma de elucidar o contexto das venture builders, ou fábricas de startups. Sendo este um tema de grande importância para as pessoas envolvidas em ecossistemas de inovação no Brasil e no mundo, a FCJ Venture Builder traduziu o artigo para que seja possível levar informação relevante para o maior número de pessoas, sempre assegurando à GAN os devidos créditos. Então, aproveite a leitura!
Os estúdios de startup são um dos principais assuntos do momento no mundo das startups. E por uma boa razão — desde sua origem, eles vêm gerando grandes resultados. Ainda assim, a maioria das pessoas, e até mesmo aquelas inseridas no contexto da inovação, não fazem ideia do que são os estúdios ou como eles auxiliam as startups.
O mesmo aconteceu com as aceleradoras há uma década. Elas eram um tipo de organização nascente. Agora são uma das principais rotas que as startups usam para lançar suas companhias. Você pode conferir tudo o que as aceleradoras estão fazendo e como elas trabalham aqui.
Nos últimos dez anos, a GAN vem apoiando os programas independentes de aceleração mais conceituados do mundo. E, no último ano, começamos a apoiar uma comunidade similar, os estúdios de startups mais conceituados do mundo, por meio do GSSN.
Ao longo dos últimos meses, nós estamos buscando entender o que os estúdios de startup estão fazendo e como eles estão performando. Os resultados apresentados a seguir são provenientes de um estudo aprofundado com 23 dos principais estúdios de startup do mundo. Para uma rápida contextualização, nesta pesquisa, a média de idade dos estúdios é de cinco anos, e 55% deles estão localizados fora dos Estados Unidos; portanto, são organizações que já estão atuando por um tempo e que já têm uma presença global. 91% desses estúdios foram criados por antigos empreendedores ou investidores, tendo lançado 415 startups, sendo que 40% delas foram fundadas por mulheres. A maioria dos estúdios criou 18 empresas até então, sendo 3,8 o número médio de empresas criadas anualmente por cada estúdio. Aqui está um pouco mais do que descobrimos.
Primeiramente, o que é um estúdio de startup?
De altíssimo nível, um estúdio de startup (conhecido também como venture studio, venture builder ou company builder) é uma organização que apresenta ideias e produtos e busca por executivos para construir novas empresas. Em outras palavras, os estúdios usam recursos internos e externos para desenvolver novas ideias para uma corporação. Após um processo de validação de ideias bem intencionado e repetido, eles, então, contratam os fundadores (que é um termo elegante para aquela pessoa que comanda uma startup) para fazer parte do negócio e dirigir cada companhia já testada no mercado. Geralmente, os estúdios de startup estão buscando por pessoas que possuem uma trajetória consolidada — CEOs de startups que tiveram experiências liderando uma ou duas empresas que alcançaram o exit (falaremos sobre isso mais a frente) ou que tiveram outros sucessos relevantes.
Os estúdios também garantem aos fundadores financiamento e espaço por um ou dois anos, além de mentoria intensa e uma quantidade imensa de recursos de apoio, que às vezes somam mais de $ 1 milhão. De todas as organizações que oferecem suporte no mundo, os estúdios normalmente têm a abordagem mais prática e fornecem o maior suporte entre todos os grupos que você poderá ver aqui. Eles também tendem a obter o maior valor de equity das empresas de seu portfólio. High Alpha, eFounders, Pioneer Square Labs (PSL) e Polymath são alguns dos maiores estúdios de startup do mundo (e todos são membros do GSSN).
Que tipo de startup os estúdios estão criando ?
Quando o assunto são os tipos de startup que os estúdios estão lançando, há uma divisão uniforme entre startups focadas em B2B e B2C.
Em quarenta e sete por cento das respostas, os estúdios afirmaram que são têm preferências específicas em relação aos tipos de startups que eles buscam lançar. Eles disseram que estão abertos a desenvolver empresas focadas em serviços financeiros (44%); e-commerce (30%); transporte/logística; entretenimento/mídia/esportes; e inteligência artificial (26% para cada um dos três últimos pontos). Completando a lista, os outros maiores setores investidos são saúde, mercado imobiliário, alimentação/bebidas, varejo e moda/design.
O que acontece dentro de um estúdio de startup?
As startups lançadas ficam nos estúdios por um bom tempo em comparação a outras organizações, como as aceleradoras. A média de “incubação” de uma empresa nos estúdios varia de 8.1 meses a 19 meses. E há duas grandes razões para as startups ficarem nos estúdios.
Primeiramente, grande parte dos estúdios contrata quase 12 pessoas para atuarem de forma integral, além de outras quatro para atuarem parcialmente no lançamento de suas startups. Esses times tem como foco os seguintes pontos (em ordem decrescente de foco):
- desenvolvimento de software;
- desenvolvimento do comercial;
- design;
- marketing/comunicação;
- produto;
- contabilidade;
- recursos humanos;
- finanças;
- jurídico.
Com base nessa lista, você pode dizer que os estúdios estão fornecendo muito suporte para as startups que estão passando por suas organizações.
Em segundo lugar, os estúdios proporcionam uma quantidade impressionante de capital. Em média, os estúdios injetam uma quantia inicial de $ 232.458 em cada startup que criam, dando a elas uma posição financeira sólida desde o primeiro dia.
Em troca de todo o suporte, os fundadores das startups concedem, em média, 36% de equity aos estúdios. No entanto, esse número pode mudar de acordo com o tipo de suporte que o estúdio fornece e o nível de experiência do futuro CEO.
O que acontece com as startups após elas deixarem os estúdios?
A maioria das empresas (60% para ser exato) continua a receber capital adicional do estúdio, enquanto outras “deixam o ninho” e buscam arrecadar fundos com outros investidores. O valor médio que as startups conseguem levantar é $ 2.473.906 em 12 meses após a saída do estúdio.
E essas startups estão vivas. Das 415 empresas que os estúdios de startup criaram, apenas 9% faliram, 3% alcançaram o exit e o restante continuam ativas. Essa empresas que ainda estão no mercado também estão gerando receita, em média $ 1.117,997 cada ao ano. Devido a esse sucesso, essas startups também criaram 2.078 novos empregos que não existiam a alguns anos atrás.
Qual o próximo passo dos estúdios?
Justamente porque os estúdios de startup estão experienciando atenção, sucesso e crescimento incríveis no momento, não vemos muitas mudanças para esse modelo. Talvez a forma de crescimento mais interessante quando se trata dos estúdios é que muitos deles estão criando uma segunda ou terceira instalação em cidades que não são conhecidas como tech hubs. Até então, 26% dos estúdios têm uma segunda instalação, e esse número está em constante crescimento. Os estúdios de startup estão sendo usados agora como uma forma de catalisar novos ecossistemas de startup, infundindo capital humano e financeiro de alta qualidade para gerar impacto local.
Nós também estamos vendo corporações usando o modelo para incubar ideias internas. Por exemplo, Mars Petcare criou o Leap Venture Studio e a Deloitte criou o Makers. Eles optaram por criar um estúdio de startup como forma de validar ideias em um ambiente seguro, produtivo e orientado para o crescimento.
E se você quiser saber mais, confira o Infográfico GSSN.